O chumbo é um metal pesado que não desempenha nenhum papel na fisiologia humana, portanto o nível plasmático ideal deveria ser zero. Actualmente é praticamente impossível encontrar qualquer pessoa em quem os níveis de chumbo no sangue não sejam detectados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define intoxicação como os valores de envenenamento por chumbo superiores a 15 μg/dl. Para o Center of Disease Control (CDC) o nível de intoxicação é maior ou igual a 10 μg/dl.
A intoxicação por chumbo produz distúrbios metabólicos diretamente relacionados à sua concentração. As alterações podem levar à morte e em graus variados à deterioração da capacidade intelectual, alterações de comportamento, bloqueio da hematopoiese, toxicidade renal e neuropatia periférica. Essas alterações são mais prejudiciais em crianças.
Quanto tempo leva para morrer por envenenamento por chumbo?
A exposição a esse metal produz distúrbios metabólicos que estão estritamente relacionados à sua concentração no organismo. O nível de intoxicação é maior ou igual a 10 μg/dl, afetando todo o organismo. Se o envenenamento por chumbo for grave e não for tratado a tempo, poderá causar a morte. Isso depende de uma série de fatores mencionados abaixo.
A intoxicação por chumbo constitui um grave problema de saúde pública, uma vez que afecta a população mais vulnerável: crianças, trabalhadores e pessoas de baixo nível socioeconómico.
A absorção do chumbo ocorre principalmente de duas maneiras:
A via gastrointestinal depende da idade, dieta alimentar, deficiências nutricionais. No adulto, estima-se que 5% a 10% seja absorvido a nível gastrointestinal. Por outro lado, a criança é de 40% a 50% por causa da atitude das crianças de levar tudo à boca.
Com relação às deficiências nutricionais, dietas pobres em ferro e cálcio e ricas em lipídios favorecem a absorção de chumbo.
A via aérea é a principal no ambiente de trabalho; isso é absorvido em aproximadamente 90%. Este percurso é de grande importância em cidades com grande concentração de automóveis e nas proximidades de fábricas de fundição de metais.
A distribuição ocorre em dois compartimentos: o primeiro é o sistema esquelético, que contém 80 a 95% da carga corporal de chumbo, sendo a vida média no osso de 20 a 30 anos. Nas crianças deposita-se na metáfise dos ossos longos, formando depósitos radiopacos.
O segundo compartimento encontra-se nos tecidos moles como rim, cérebro e fígado, sendo nestes a meia-vida de 20 a 30 dias. No sangue é encontrado nas hemácias, sendo este o principal compartimento responsável pela toxicidade do chumbo.
Um fato digno de nota é que o chumbo atravessa a placenta, contendo sangue fetal de 80 a 100% do chumbo materno.
A forma de apresentação dos sintomas por intoxicação por chumbo pode ser aguda ou crônica. A intoxicação aguda por chumbo é uma apresentação pouco frequente e pode ser devida à ingestão de alimentos contaminados ou à inalação maciça de vapores de chumbo.
Em crianças, a forma mais frequente de apresentação da intoxicação por chumbo é a encefalopatia aguda, que pode surgir sem pródromos ou ser precedida de cólicas abdominais ou alterações de comportamento. Manifesta-se por vômitos persistentes, ataxia, convulsões intratáveis, alteração da consciência e coma. A mortalidade é de aproximadamente 25% e as crianças que sobrevivem ficam com sequelas neurológicas como epilepsia, retardo mental, distonia, atrofia óptica e surdez. A nível renal, ocorre uma insuficiência aguda devido a danos tubulares e ocasionalmente apresenta-se como uma “síndrome de Fanconi”. A nível gastrointestinal pode apresentar-se com dores abdominais e vómitos intensos, podendo originar “choque”.
Envenenamento crônico por chumbo:É a forma de apresentação mais frequente em crianças e adultos. Os sintomas são inespecíficos, afetando principalmente os sistemas nervoso, gastrointestinal, renal, hematopoiético e neuromuscular.
No mundo, a intoxicação por chumbo é considerada um grave problema de saúde pública. Tem grande importância na idade pediátrica, pois os efeitos deletérios ocorrem na fase de desenvolvimento neurofísico. Isto obriga o pediatra a ter em mente a existência desta intoxicação, por isso é essencial uma história ambiental correta em crianças com elementos clínicos compatíveis com intoxicação por chumbo. Distúrbios comportamentais, déficit intelectual, hiperatividade, atraso escolar, patologia renal e anemia são as principais alterações evidenciadas. O tratamento deve ser orientado por equipe multidisciplinar.
