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O que são considerados níveis elevados de AST e ALT?
Elevação marcada de aminotransferases
Quando a alanina aminotransferase (ALT) está elevada 10 ou mais vezes o limite superior de referência (valores inferiores a 40 U/l), pode-se diagnosticar a existência de lesão hepática aguda, devendo nestes casos ser iniciado imediatamente o estudo etiológico. Mais de 90% dos casos são causados por hepatite viral aguda.
O diagnóstico de uma hepatite aguda por Vírus da Hepatite A ou Vírus da Hepatite B geralmente não apresenta dificuldades, mas o diagnóstico de uma hepatite aguda por Vírus da Hepatite C é mais complexo porque a positividade do anti-HCV ou do RNA do HCV não discrimina entre infecção aguda ou crônica. O diagnóstico de infecção aguda será baseado na presença de quadro clínico de lesão hepática aguda, na exclusão de outras hepatites virais agudas e na presença de RNA do HCV com anti-VH C negativo ou soroconversão de anti-HCV em 1-3 meses.
Quando os valores da aspartato aminotransferase (AST) excedem 100 vezes o limite superior de referência, a isquemia ou hipóxia hepática e a hepatite tóxica ou farmacológica são as causas responsáveis em mais de 90% dos casos.
Em estudo recente, a obstrução biliar foi causa de elevação ≥ 10 vezes dos valores das transaminases em 25% dos casos.
Elevação leve ou moderada de aminotransferases
A lesão hepática crônica geralmente é assintomática ou paucissintomática (causando poucos sintomas) e gera elevação das aminotransferases menor que 10 vezes o limite superior de referência. A cronicidade é definida pela persistência da elevação enzimática observada pelo menos duas vezes durante um período mínimo de 6 meses.
Portanto, o passo inicial na avaliação diagnóstica da hipertransaminasemia leve ou moderada é a repetição da análise, que confirmará, se necessário, a existência da alteração e a definirá como crônica, e então terá início a avaliação etiológica. Alguns especialistas recomendam, porém, iniciar o estudo etiológico após a confirmação da elevação enzimática em um período mais curto (entre 2 e 4 semanas). A sistemática diagnóstica a ser seguida geralmente é estruturada em uma sequência em que se avança até a obtenção do diagnóstico etiológico de hipertransaminasemia.
Porém, a ordem dos passos a seguir pode ser alterada dependendo do contexto clínico em que ocorre a constatação da alteração analítica e dos dados fornecidos pela história clínica inicial.
A avaliação clínica inicial deve ter como objetivo identificar fatores de risco para hepatites virais crônicas (transfusão prévia de hemoderivados, abuso de drogas parenterais, comportamentos sexuais de risco, tatuagens, piercings, etc), consumo excessivo de álcool, tratamento com drogas potencialmente hepatotóxicas, histórico familiar de doença hepática e doenças associadas (obesidade,diabetes, hiperlipidemia, doenças autoimunes, etc.).
Nos EUA, a hepatite viral crónica mais frequente é causada pelo VHC. Seu diagnóstico baseia-se na detecção de anticorpos anti-HCV por meio de ELISA, de modo que em um paciente com hipertransaminasemia e fatores de risco para infecção pelo HCV não seja necessária a utilização de outras técnicas de confirmação, porém o RNA viral deve ser determinado no soro por PCR nos casos em que se valoriza a realização do tratamento e quando é necessário confirmar o diagnóstico de infecção ativa. A doença hepática crônica por HBV é diagnosticada pela positividade de HBsAg e anti-HBc total, sendo posteriormente determinados H BeAg, anti-HBe e DNA viral para investigar a presença de replicação.
O consumo excessivo de álcool geralmente é referido pelo paciente, mas muitas vezes é minimizado ou ocultado. A relação AST/ALT é um dado a considerar caso haja suspeita desta etiologia, pois 90% dos indivíduos com relação AST/ALT > 2 apresentam dados histológicos de doença hepática alcoólica.
No estudo diagnóstico do paciente com hipertransaminasemia é especialmente relevante seguir um sistema pré-estabelecido que permite determinar com suficiente precisão a causa, evitando por sua vez, a realização de exames desnecessários.
