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As doenças hepáticas crônicas produzem, independentemente da etiologia, um acúmulo progressivo de fibras colágenas no parênquima hepático. O aparecimento de nódulos de regeneração altera a arquitetura hepática e produz aumento da pressão portal. O aumento significativo da pressão corporal é a causa do aparecimento de varizes esofágicas eascite, o que piora o prognóstico da doença.
A quantificação da fibrose hepática é feita, há anos, pela análise histológica de uma pequena amostra de tecido hepático (obtida por via percutânea ou transjugular). Contudo, a confiabilidade da biópsia para fibrose é limitada. A amostra de tecido hepático representa apenas uma parte de 50.000 partes do fígado, a distribuição da fibra pode ser heterogênea, mas vale ressaltar que é necessário o correto processamento da amostra e um observador para sua identificação.
O que é um fibroscan do fígado?
As limitações da biópsia e da avaliação periódica do paciente têm motivado a busca por alternativas não invasivas para avaliar o grau de fibrose hepática. Nos últimos anos, foi identificado um grande número de marcadores sorológicos que estão direta ou indiretamente envolvidos no processo de fibrose hepática. Programas específicos foram desenvolvidos para aumentar a confiabilidade da detecção de fibrose hepática com o uso de técnicas radiológicas existentes. No entanto, o avanço mais importante foi obtido com o aparecimento da elastografia transicional (TE) ou do Fibroscan® (FS).
Este procedimento também é conhecido como “elastografia de pulso unidimensional” e baseia-se na medição da rigidez ou elasticidade de um tecido; ele usa um pulso mecânico de vibração e uma onda de ultrassom. Primeiro, é emitido o pulso mecânico que produz uma onda elástica que é transmitida através do tecido. Em segundo lugar, a onda ultrassônica, que segue a onda mecânica, mede a velocidade de propagação da onda elástica dentro do tecido. A velocidade de propagação da onda elástica é proporcional à rigidez do tecido (quanto mais duro o tecido, mais rápida a onda se propaga). O resultado é expresso em unidades de quilopascal (kPa)
Sobre a técnica
O método comercializado usado pela TE para medir a rigidez do fígado é denominado Fibroscan® (FS). O FS é formado por uma sonda transmissora e receptora e um computador que processa as informações e gera uma imagem da onda elástica e o valor da rigidez hepática em kPa. A sonda contém um mecanismo vibratório que produz a onda mecânica e um transdutor que produz a onda ultrassônica. A exploração inicia-se com o paciente em jejum, em posição supina e com o braço direito atrás da cabeça. A sonda é aplicada na silhueta hepática, entre as costelas, na linha axilar média direita e perpendicular ao plano da pele. O scanner deve manter a posição da sonda (com o mínimo movimento possível) e pressionar o botão para obter 10 determinações válidas. A onda mecânica produz uma vibração de média amplitude e baixa frequência (50 Hz) que se propaga até 65 mm da superfície cutânea e o volume do parênquima hepático avaliado é 100 vezes maior que o da biópsia.
Uma imagem da onda elástica em 2 dimensões é gerada na tela do computador e sua morfologia pode facilitar a obtenção de registros válidos. Devem ser feitas 10 determinações válidas (o computador determinará se a medição é válida ou deve ser repetida). Além da imagem, a tela mostrará 3 valores que devem ser levados em consideração: a razão ou relação entre o número de medições válidas e o número total de medições, o intervalo interquartil ou variação do total de medições válidas em relação ao seu valor mediano e a rigidez final ou valor mediano das 10 determinações válidas (expresso em kPa).
Conclusão
A exploração com Fibroscan é rápida (5 minutos), simples e o seu alcance de detecção é amplo, entre 2,5 e 75 kPa. Pessoal não médico (de preferência enfermeiro) pode realizar a exploração após completar um breve aprendizado (50 a 100 exames), mas a interpretação dos resultados deve ser feita por um médico com amplo conhecimento sobre as características e limitações da técnica.
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