A cirrose é uma doença hepática crónica, crónica e irreversível, caracterizada pela presença de fibrose e formação de nódulos de regeneração, que levam a uma alteração da arquitetura vascular, bem como da função hepática. Representa a fase final de inúmeras doenças que afetam o fígado. Independentemente da etiologia da lesão hepática, os mecanismos celulares que levam à cirrose são comuns.
A célula estrelada ou perisinusoidal tem sido implicada no início e manutenção das alterações fibróticas que levam à cirrose.
Como consequências dessas alterações histológicas sofridas pelo fígado, surgem dois sintomas ou manifestações clínicas da cirrose: insuficiência hepatocelular e hipertensão portal.
A cirrose descompensada pode ser revertida?
A possibilidade de realização de terapia específica sobre a etiologia da cirrose é limitada, pois é relativamente frequente que a doença seja diagnosticada já em estágio avançado.
No caso da cirrose alcoólica é importante que o paciente abandone o álcool, embora infelizmente isso não signifique a remissão da doença; situação semelhante também se apresenta para a cirrose de origem viral. O efeito de terapias específicas, como antivirais (hepatite B e C em estágios iniciais antes do desenvolvimento de cirrose), D-penicilamina para quelar cobre (Doença de Wilson), imunossupressores (cirrose de origem autoimune) e ácido ursodeoxicólico (cirrose por colestase), é bastante limitado, sendo até contraindicado na cirrose viral, uma vez obtida a confirmação diagnóstica por biópsia. Recomenda-se repouso e dieta alimentar para pacientes com doença hepática:
- Ingestão de proteína animal: 0,5 g/kg de peso.
- Restrição de sódio dependendo dos eletrólitos presentes na urina.
- Restrição da ingestão de líquidos para 1200 ml/dia.
É importante evitar os estados de desnutrição, podendo valorizar a introdução de complexos vitamínicos caso existam estados de deficiência, principalmente de vitaminas B, C, K e ácido fólico. Hepatoprotetores não são necessários.
De qualquer forma, a terapia definitiva da cirrose é o transplante de fígado.
Atualmente a sobrevida dos pacientes transplantados após 5 anos é de 80%. Contudo, não podemos esquecer que o risco cirúrgico no paciente cirrótico, e principalmente a cirurgia abdominal necessária ao transplante, é elevado, o que significa que a cirurgia deve ser reservada para situações em que a sua não realização acarreta risco mortal para o paciente. É fundamental, portanto, otimizar o tratamento dos pacientes com cirrose, tanto para melhorar a sua qualidade de vida como para prevenir complicações mais graves e minimizar os riscos do transplante hepático.
A seguir está uma breve análise da abordagem terapêutica das principais complicações da cirrose hepática:
Existem claramente duas fases da doença, cuja cronologia e marcadores prognósticos são diferentes: cirrose compensada e cirrose descompensada.
Em relação ao prognóstico, a cirrose compensada pode evoluir descompensada, enquanto o agravamento desta leva ao aumento do risco de morte. No que diz respeito à cirrose compensada, o que mais chama a atenção é o seu caráter oligossintomático, com presença de sintomas inespecíficos. Aos 10 anos, a sobrevida dos pacientes que permanecem nesta fase é próxima de 80%. A presença de hipertensão portal nesta fase é considerada fator prognóstico de mortalidade.
O aparecimento de ascite, hemorragia varicosa, encefalopatia hepática e icterícia marca o início da fase descompensada. Quando a doença evolui até atingir esse estágio, a sobrevida dos pacientes após os 10 anos é de 7%. O prognóstico de algumas complicações da cirrose, como é o caso das varizes esofágicas, melhorou notavelmente nos últimos anos: medicamentos que reduzem a pressão portal e avanços nas técnicas endoscópicas (multi-band linker) são algumas das opções terapêuticas que permitiram este avanço.
Dadas as limitações dos tratamentos existentes, estão a ser procurados novos alvos terapêuticos potenciais para reverter a cirrose.
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