Abscesso Epidural Espinhal: Causas, Sintomas, Sinais, Testes, Investigações, Tratamento, Complicações

A coluna vertebral é formada por 33 vértebras e 24 discos. As 33 vértebras estão distribuídas em pescoço (7 vértebras), tórax (12 vértebras), lombar (5 vértebras), sacro (5 vértebras) e segmentos coccígeos (4 vértebras). Os discos intervertebrais estão ausentes em cinco vértebras sacrais e quatro coccígeas, que estão fundidas. Vinte e quatro discos ficam entre as vértebras no pescoço, tórax e segmento lombar. O canal espinhal é uma estrutura cilíndrica oca cercada por vértebras, discos e ligamentos. O canal espinhal cilíndrico é esticado entre a base do crânio e o sacro. A coluna vertebral protege a medula espinhal, que fica dentro do canal espinhal. Três membranas fibrosas resistentes conhecidas como pia, aracnóide e dura-máter envolvem a medula espinhal. A medula espinhal também é cercada por um líquido ou água conhecido como líquido cefalorraquidiano. O líquido cefalorraquidiano fica entre a pia e a aracnóide. A medula espinhal é protegida de lesões pela coluna vertebral, três membranas fibrosas resistentes e líquido cefalorraquidiano.

O espaço epidural espinhal fica entre a dura-máter e os ossos da coluna vertebral. O espaço epidural espinhal se espalha do pescoço, abaixo do crânio, até o sacro. O abscesso epidural é uma das causas raras de dor nas costas. O abscesso epidural é causado por infecção bacteriana dos tecidos moles epidural. O abscesso epidural é uma secreção purulenta que se espalha para o espaço peridural. O grande abscesso epidural se espalha por vários segmentos. A coleção de pus epidural quando retida no espaço epidural causa sintomas de pressão. Os sintomas de pressão são gerados pela expansão do abscesso no espaço epidural, o que eventualmente causa compressão leve a severa da medula espinhal e do nervo espinhal. O abscesso epidural é uma condição médica rara e muitas vezes leva à internação hospitalar. Os dados científicos publicados sugerem que o número de casos internados no hospital com diagnóstico de abscesso epidural é de 0,2 a 2,5 casos por 10.000 internações hospitalares.1

A incidência anual de abscesso epidural espinhal aumentou nas últimas 2-3 décadas, de 0,2-1 casos por 10.000 internações hospitalares para 2,5-3 por 10.000 internações. A incidência crescente de abscesso epidural espinhal se deve ao aumento de casos de uso de drogas ilícitas intravenosas e ao aumento de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos na coluna vertebral. A distribuição dos sintomas e sinais causados ​​pelo abscesso epidural espinhal depende da localização do abscesso no pescoço, no meio das costas e na parte inferior das costas.

Causas do abscesso epidural espinhal

Propagação hematológica e linfática

  • Infecção do trato urinário 
  • Infecção respiratória 
  • Infecção de ouvido
  • Sinusite crônica

Propagação de abscesso de tecido adjacente

  • Osteomielite – Infecção óssea
  • Abscesso do Psoas
  • Cânula intravenosa infectada ou injeções intravenosas – Vários pacientes recebem fluidos intravenosos e medicamentos diariamente no hospital e no consultório médico. Agulha contaminada, cânula, I.V. Fluidos e medicamentos transmitem infecções e bactérias para o sangue do paciente. Os depósitos distantes das sementes da bactéria no espaço epidural causam infecção e formação de abscesso.
  • 4. Abuso de drogas – A agulha e seringas contaminadas são a fonte de infecção.2 

Procedimentos invasivos – uma causa para abscesso epidural espinhal

  • Anestesia Epidural – A agulha é inserida no pescoço, no meio das costas ou na parte inferior das costas
  • Anestesia Espinhal – A agulha é inserida na parte inferior das costas
  • Injeção epidural de corticosteroide – O procedimento é realizado no pescoço, no meio das costas ou na parte inferior das costas
  • Colocação do cateter peridural para parto normal do bebê ou dor – O cateter é inserido na parte inferior das costas
  • Mielograma espinhal e colocação de cateter intratecal – O procedimento é realizado na parte inferior das costas.
  • Discograma e terapia de disco.3

Abscesso epidural espinhal causado por lesão nas costas

  • Lesão Esportiva – Causa abscesso principalmente no pescoço e parte inferior das costas 
  • Queda Doméstica – Causa principalmente trauma na região lombar, resultando em abscesso epidural.
  • Acidente de automóvel ou carro – resulta em lesões na parte inferior das costas e pescoço 
  • Lesões de Trabalho – Lesões de trabalho causam principalmente lesões na região lombar e no pescoço.

Lesão de tecidos moles –

  • A lesão epidural dos tecidos moles causa sangramento epidural, que é seguido por abscesso epidural se não for tratado adequadamente.

Lesão Esquelética

  • Fratura de vértebras
  • A luxação das vértebras e da articulação facetária causa espondilolistese e sangramento epidural, que muitas vezes é seguido por infecção e formação de abscesso.

Abscesso Epidural Espinhal Causado por Cirurgia

  • Discografia 
  • Queonucleose 
  • Discectomia
  • Laminectomia 
  • Instrumentação e fusão espinhal.

Sintomas de abscesso epidural espinhal

Sintomas inespecíficos de abscesso epidural espinhal

  • Perda de apetite
  • Letargia
  • Náuseas e vômitos

Sintomas específicos de abscesso epidural espinhal

Febre-

  • Febre leve a moderada– O paciente frequentemente apresenta febre leve a moderada após a infecção epidural inicial. 
  • Hiperpirexia– Febre alta acima de 102 graus Fahrenheit é observada durante a fase inicial da infecção epidural e se o abscesso epidural estiver associado à meningite. 

Dor nas costas-

  • A dor nas costas localiza-se principalmente na linha média e no dermátomo paravertebral. 
  • A dor é localizada principalmente no processo espinhoso e irradia para o tecido circundante. 
  • Dependendo da localização do abscesso, a dor é observada na coluna do pescoço, no meio das costas ou na parte inferior das costas.
  • O paciente pode queixar-se de dor radicular que se irradia para o pescoço, braços, parede torácica ou perna quando a dor é causada por pressão ou pinçamento do nervo espinhal no pescoço, no meio das costas ou na parte inferior das costas. 

Formigamento e dormência

  • Abscesso no pescoço– Formigamento e dormência são observados nas extremidades superiores e frequentemente em toda a parte inferior do corpo.
  • Abscesso Torácico Médio– Formigamento e dormência são observados na parede torácica e nas extremidades inferiores.
  • Abscesso lombar– Formigamento e dormência são observados apenas nas extremidades inferiores.

Fraqueza-

  • Abscesso no pescoço– Queixas do paciente de fraqueza muscular nas extremidades superiores e frequentemente em toda a parte inferior do corpo.
  • Abscesso Torácico Médio– Queixas do paciente de fraqueza muscular nas extremidades inferiores, músculos das costas e músculos abdominais.
  • Abscesso lombar– Queixas do paciente de fraqueza nos músculos das pernas e na região lombar.

Sinais de abscesso epidural espinhal

Paraplegia

  • Os sintomas de paraplegia das extremidades inferiores são observados quando o abscesso epidural na parte média e inferior das costas causa compressão ou pressão sobre a medula espinhal no segmento torácico ou lombar. 
  • O paciente paraplégico é incapaz de mover ambas as extremidades inferiores. A recuperação parcial ou completa é observada quando a compressão da medula espinhal é aliviada após o tratamento cirúrgico. 

Quadriplegia4

  • Quadriplegia é uma condição médica que resulta em paralisia das quatro extremidades. 
  • A quadriplegia é causada pela compressão da medula espinhal por abscesso epidural no pescoço acima do nível da 5ª vértebra cervical. 
  • O paciente tetraplégico não consegue mover as quatro extremidades. 
  • Os sintomas e sinais são reversíveis se a pressão sobre a medula espinhal for removida por cirurgia. 

Incontinência intestinal e da bexiga

  • Os nervos parassimpáticos sacrais passam para a bexiga urinária e para o cólon inferior através do 2º ao 5º nervo sacral.
  • A medula espinhal termina na segunda vértebra lombar e se divide em nervo lombar e nervo sacral abaixo da segunda vértebra lombar. 

Rigidez do pescoço ou rigidez do pescoço

  • Rigidez ou rigidez do pescoço são observadas em pacientes que sofrem de meningite espinhal ou meningite.

Ternura Espinhal

  • A percussão ou palpação da coluna vertebral e da área paravertebral sugere sensibilidade e dor no pescoço; no meio das costas ou na parte inferior das costas, dependendo do nível da coluna vertebral onde o abscesso está localizado. 

Anormalidades reflexas

  • Paciente que sofre de paraplegia e tetraplegia apresenta perda dos reflexos de estiramento articular. 
  • O alongamento dos músculos estimula o fuso muscular, que envia impulsos reflexos para os músculos se contraírem. 

Sintomas associados de abscesso epidural espinhal

O paciente que sofre de abscesso epidural espinhal também pode apresentar sintomas e sinais de infecções sistêmicas de outros órgãos.

Infecção do trato urinário

  • Urina ardente
  • Aumento da frequência de urina
  • Urina com mau cheiro

Infecção Respiratória

  • Febre
  • Tosse com ou sem expectoração
  • História de falta de ar

Infecção de ouvido

  • Febre
  • Queixa de dor de ouvido
  • Descarga purulenta do ouvido

Sinusite

  • Febre
  • Queixa de dor de cabeça
  • Corrimento nasal purulento

Testes e investigações para diagnosticar abscesso epidural espinhal

Exame de sangue

  • Aumentar a contagem de glóbulos brancos (leucócitos).

Estudo Microscópico e Cultura de Amostras de Sangue

  • Estudo microscópico de esfregaço de sangue após coloração de Gram. A presença bacteriana é testada para bactérias gram positivas ou negativas. 

Hemocultura-

  • As amostras de sangue são cultivadas em condições aeróbicas e anaeróbicas. 
  • Os crescimentos bacterianos são classificados como bactérias aeróbicas ou anaeróbicas. 

Taxa de sedimentação de eritrócitos (ESR)

  • A VHS aumenta durante infecção e presença de abscesso. 
  • O teste VHS é realizado para verificar o prognóstico após o tratamento.

Exame de urina

  • Proteinúria– O conteúdo de proteínas na urina aumenta
  • Teste Microscópico e Cultura– Presença bacteriana é observada.

Exame de escarro

  • Teste Microscópico e Cultura– Presença bacteriana é observada.

Biópsia

  • Estudo microscópico de pus– O material de biópsia é obtido após aspiração com agulha ou drenagem do abscesso. O pus é espalhado na lâmina e testado com coloração de Gram. A presença bacteriana é classificada como bactérias gram positivas ou negativas. 
  • Cultura do abscesso– A amostra de pus é cultivada em condições aeróbicas e anaeróbicas. Os crescimentos bacterianos são classificados como bactérias aeróbicas ou anaeróbicas. 
  • Manchas e culturas especiais– Micobactérias e fungos são testados com corante especial e cultivados em meios culturais específicos. 

Exame Radiológico

Raio X-

  • Diagnóstico de fratura e luxação– A radiografia simples é útil para diagnosticar fratura ou luxação da coluna vertebral. 
  • Diagnóstico de osteomielite e infecção óssea– A radiografia simples também ajuda a diagnosticar osteomielite ou infecção óssea.

Imagem por ressonância magnética (MRI) –

  • Diagnóstico de anormalidades dos tecidos moles– A ressonância magnética mostra os detalhes dos tecidos moles, como medula espinhal, ligamentos, tendões, músculos, nervos e sistema esquelético, muito melhor do que a tomografia computadorizada ou a radiografia simples. 
  • Diagnóstico de coleta de fluidos– Detalhes da presença de líquido ou pus no espaço epidural são observados em 3 dimensões quando a ressonância magnética é direcionada ao abscesso epidural. 
  • A sensibilidade diagnóstica da ressonância magnética é de 90% a 95%. O corante de gadolínio é injetado antes da ressonância magnética para melhorar as imagens de abscesso epidural espinhal e infecção óssea, como osteomielite. 

Tomografia Computadorizada-

  • A tomografia computadorizada fornece imagens tridimensionais como a ressonância magnética. O paciente é exposto a múltiplas imagens e radiações de raios X. 
  • A tomografia computadorizada define melhor as anormalidades ósseas do que a ressonância magnética.

Mielograma CT-

  • O mielograma envolve a injeção de contraste radiopaco no LCR, que é seguido por tomografia computadorizada das costas. 
  • A agulha raquidiana é inserida no espaço peridural e através da agulha são injetados 15 a 20 cc de corante no LCR. 
  • A propagação do corante é estudada. O abscesso epidural geralmente causa estreitamento do espaço subaracnóideo e obstrui a propagação do corante em direção à cabeça ou aos pés, dependendo do nível da lesão e da injeção do corante. 
  • O estudo do corante também ajuda a avaliar a propagação do abscesso e a pressão na medula espinhal.

Tratamento para abscesso epidural espinhal

Tratamento Médico

  • Anti-inflamatório
  • Analgésicos
  • Antibióticos:
    • O tratamento precoce com antibióticos é importante para prevenir a deficiência neurológica.S
    • Intravenoso – 1 a 6 semanas
    • Oral – 4 a 12 semanas

Cirurgia para abscesso epidural espinhal

  • O manejo cirúrgico precoce tem melhor prognóstico do que o tratamento cirúrgico, que segue o manejo médico.5
  • Aspiração de abscesso por agulha guiada por TC
  • Desbridamento da cavidade do abscesso
  • Laminectomia

Complicações do abscesso epidural espinhal

  • Infecção óssea
  • Meningite
  • Danos nos nervos
  • Infecção da medula espinhal e abscesso
  • Controvérsia
  • Endocardite
  • Abscesso do psoas 
  • Osteomielite vertebral

Referências:

1. Abscesso epidural espinhal.

Johnson K.G.

Crit Care Nurs Clin North Am. Setembro de 2013;25(3):389-97.

2. Diagnóstico e tratamento de infecções espinhais piogênicas primárias em usuários de drogas recreativas intravenosas.

M1’s, Denngler B, Tipo D, Bartantus V.

Foco em Neurocirurgia. 2014 ago;37(2):E3.

3. Abscesso epidural e síndrome da cauda equina após terapia intradiscal percutânea na doença degenerativa do disco lombar.

Subach BR1, Copay AG, Martin MM, Schuler TC, DeWolfe DS.

Spine J. Novembro de 2012;12(11):e1-4.

4. Abscesso epidural espinhal e mecanismos paralíticos.

Shah NH1, Roos KL.

Curr Opin Neurol. junho de 2013;26(3):314-7.

5. Abscessos epidurais espinhais: fatores de risco, tratamento médico versus cirúrgico, uma revisão retrospectiva de 128 casos.

Patel AR1, Alton TB2, Bransford RJ1, Lee MJ1, Bellabarba CB1, Chapman JR1.

Spine J. 1º de fevereiro de 2014;14(2):326-30.