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Muitas vezes as pessoas tendem a se perguntar se terão uma doença mental se alguém de sua família sofrer de uma. Os cientistas têm trabalhado há muitos anos para encontrar a resposta para saber se as doenças mentais são hereditárias ou não. Eles têm tentado identificar o gene ou genes que causam transtornos mentais, comoautismo,Alzheimer,TDAH, alcoolismo,esquizofrenia,depressãoe muitos outros distúrbios semelhantes que são conhecidos por terem um componente genético importante. A pesquisa mostrou que muitos dos transtornos mentais são, na verdade, hereditários e podem ser transmitidos de uma geração para outra. Determinar se a doença mental pode ou não ser herdada é um fator extremamente importante para as famílias afetadas por tais transtornos. Aqui damos uma olhada no que a pesquisa diz sobre os transtornos mentais serem hereditários.
As doenças mentais são hereditárias?
Um estudo realizado pela Universidade de Wisconsin-Madison realizado em macacos jovens mostrou que doenças mentais, como a ansiedade, podem ser apenas hereditárias. Os pesquisadores examinaram os cérebros de macacos jovens quando acontecia uma situação estressante e, em seguida, os resultados dos exames foram comparados aos de seus parentes e pais. Os exames mostraram que quanto mais ansiosos os macaquinhos ficavam, três áreas diferentes de seus cérebros se iluminavam. Observou-se também que essas áreas se iluminavam no mesmo padrão dos pais desses filhotes de macacos. O experimento mostrou que essas áreas ansiosas do cérebro que se iluminaram pareciam ter sido herdadas, já que os pais também exibiam o mesmo padrão que se iluminava em seus cérebros. Este é apenas um dos estudos que mostram que as doenças mentais parecem ter uma forte ligação genética.
Por que é importante descobrir se as doenças mentais são herdadas?
É absolutamente crucial determinar se os transtornos mentais são hereditários por vários motivos. Para começar, compreender se os transtornos mentais têm uma ligação genética ajuda as pessoas que sofrem desses transtornos a tomar decisões informadas sobre se desejam ou não constituir família, correndo o risco de os transtornos mentais serem transmitidos aos filhos. Estar informado sobre isso também ajudará os pais a compreender melhor o comportamento de seus filhos desde o início. Por exemplo, se o seu filho apresentar um comportamento ansioso, então você estará mais consciente de que a criança poderá desenvolver um transtorno mental, como a depressão, numa fase posterior da vida.
Quais transtornos mentais são hereditários?
Existem muitos transtornos mentais que são conhecidos por terem uma ligação genética. No entanto, nem todos os genes associados aos transtornos mentais foram identificados até hoje. Existem algumas doenças mentais que foram comprovadamente hereditárias. Alguns dos transtornos mentais e suas ligações genéticas são discutidos abaixo.
Depressão
Uma equipe de pesquisadores britânicos isolou recentemente com sucesso um gene que é suspeito de ser o gene dominante em familiares que sofrem de depressão. Foi demonstrado que o nome do cromossomo 3p25-26 ocorre em mais de 800 famílias que sofrem de depressão recorrente. Os pesquisadores acreditam que cerca de 40% das pessoas que sofrem de depressão podem atribuir o distúrbio a uma base genética. Os 60% restantes podem ser atribuídos a fatores ambientais e outros, como luto, trauma ou estresse. A pesquisa mostrou que pessoas cujos pais ou irmãos têm depressão têm quase três vezes mais probabilidade de também ter depressão.
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
Pesquisa sobre a base genética deTOCjá vem acontecendo há muito tempo. Em 2000, porém, os pesquisadores conseguiram mostrar um resultado definitivo que provou que o TOC tem uma ligação genética. O estudo analisou pacientes com TOC de Baltimore e Washington e foi capaz de determinar com sucesso que existe uma forte conexão entre desenvolver TOC e ter um ou mais membros da família que sofrem de TOC. Também foi demonstrado que, nesses casos, o TOC tende a se desenvolver em uma idade jovem. Portanto, pode-se dizer com segurança que o TOC é um transtorno mental hereditário.
Além disso, em 2010, outro estudo também revelou os potenciais cromossomos que provavelmente serão responsáveis por causar o TOC. Este estudo trouxe muita esperança às famílias que possuem membros que sofrem de TOC; embora ainda falte muito tempo antes que uma cura baseada nos genes possa ser estabelecida. Há também outra linha de pesquisas que indica que o TOC também pode ser causado por fatores ambientais. Portanto, ainda são necessárias mais pesquisas para provar se a hereditariedade é ou não a única responsável por causar o TOC, ou se os genes são apenas uma parte do transtorno.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é conhecida por ser um dos transtornos mentais mais difíceis de diagnosticar e tratar. Com novas pesquisas, acredita-se fortemente que existe um desequilíbrio químico subjacente que ocorre no cérebro e que causa o desenvolvimento desse transtorno mental. Os cientistas acreditam que é esse desequilíbrio de produtos químicos que é herdado de parentes ou pais. Por exemplo, um pai que sofre de esquizofrenia tem mais de 40% de probabilidade de transmitir esse transtorno mental ao filho. Mesmo no caso de gêmeos idênticos, se um dos gêmeos tiver esquizofrenia, as chances de o outro gêmeo ter a mesma condição aumentam cerca de 50%.
Um estudo realizado em 2014 teve como objetivo mostrar qual poderia ser a base genética da esquizofrenia. A pesquisa mostrou que não existe um gene responsável pela esquizofrenia, mas, em vez disso, existem muitos problemas genéticos diferentes que se acredita estarem causando condições esquizofrênicas distintas. Por exemplo, um estudo mostrou que havia oito grupos de genes separados que estavam ligados a diferentes tipos de esquizofrenia. Outro estudo realizado com 113.000 participantes descobriu que existem, na verdade, 128 variantes genéticas diferentes relacionadas à esquizofrenia. Este estudo foi revolucionário porque a maioria destas variantes genéticas nunca tinha sido associada a quaisquer problemas cerebrais antes disso.
Ainda outro estudo de 2014 realizado em Harvard descobriu que em cérebros esquizofrênicos, o isolamento e a fiação das fibras nervosas não funcionavam adequadamente. Os pesquisadores do estudo acreditavam que esse mau funcionamento das fibras nervosas também era uma condição hereditária.
Transtorno bipolar
Transtorno bipolaré uma condição mental que também se acredita ser causada por um conjunto de genes, e não por um único gene. Semelhante à esquizofrenia, também se suspeita que um desequilíbrio químico seja a causa do transtorno bipolar, embora também se saiba que vários fatores ambientais contribuem para o transtorno bipolar. No entanto, as chances de a bipolaridade ser uma doença hereditária são altas. Veja o exemplo dos gêmeos idênticos. Se você tem um gêmeo com transtorno bipolar, suas chances de ter a doença aumentam quase 90-95%.
Conclusão
Não há dúvida de que a genética é a culpada por muitas doenças mentais; e as doenças mentais são e podem ser hereditárias. No entanto, ainda estamos a muitos anos de desenvolver uma terapia genética que possa ajudar a tratar eficazmente estes transtornos mentais. No entanto, ainda são necessárias muitas pesquisas para estabelecer firmemente a base genética das doenças mentais.
Leia também:
- IBS é uma doença mental e qual é a ligação entre as duas?
Referências
- Sullivan, PF, Neale, MC. e Kendler, KS, 2000. Epidemiologia genética da depressão maior: revisão e meta-análise. American Journal of Psychiatry, 157(10), pp.1552-1562.
- Lichtenstein, P., Yip, BH, Björk, C., Pawitan, Y., Cannon, TD, Sullivan, PF e Hultman, CM, 2009. Determinantes genéticos comuns da esquizofrenia e transtorno bipolar em famílias suecas: um estudo de base populacional. The Lancet, 373(9659), pp.234-239.
- Etain, B., Henry, C., Bellivier, F., Mathieu, F. e Leboyer, M., 2008. Além da genética: trauma afetivo infantil no transtorno bipolar. Transtornos Bipolares, 10(8), pp.867-876.
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- Grisham, JR, Anderson, TM. e Sachdev, PS, 2008. Influências genéticas e ambientais no transtorno obsessivo-compulsivo. Arquivos europeus de psiquiatria e neurociência clínica, 258(2), pp.107-116.
